domingo, 18 de abril de 2010

Ademar de Jesus Silva

Ademar de Jesus Silva, nascido em 1970, foi um serial killer que confessou assassinar 6 meninos. Entre os dias 30 de dezembro de 2009 e 22 de janeiro de 2010, seis jovens com idades entre 14 e 19 anos desapareceram em Luziânia, a 196 km da capital Goiânia (GO), no entorno do Distrito Federal. O caso ganhou repercussão nacional e foi investigado, além da polícia, pela CPI do Desaparecimento de Crianças e Adolescentes, da Câmara dos Deputados. O paradeiro dos jovens só foi solucionado na manhã de sábado, 10 de abril, quando o pedreiro, de 40 anos, foi preso acusado de estuprar e matar os rapazes. Ele mostrou à polícia o local onde estavam os corpos dos garotos e, em entrevista, se disse arrependido e afirmou que pensava no sofrimento dos familiares dos jovens mortos. O pedreiro também declarou que foi vítima de abusos sexuais no passado e disse que cogitou o suicídio após a repercussão das mortes. Ademar Jesus da Silva já havia sido condenado em 2005 a 10 anos e 10 meses de prisão por abusar sexualmente de dois meninos, um de 11 e outro de 13 anos, em Águas Claras e Núcleo Bandeirante, respectivamente. Um exame criminológico foi realizado em 28 de maio de 2008, quando Ademar já poderia, de acordo com a legislação, passar a cumprir a pena em regime semi-aberto. O laudo deste exame apontou a necessidade de que outros dois fossem realizados: um psiquiátrico e um psicológico. O resultado destacou, ainda, sinais de psicopatia. No entanto, como destacou o magistrado, ser psicopata não é uma doença mental, mas um distúrbio de personalidade, que não é critério que impeça de concessão de progressões. Ademar foi submetido ao exame psicológico em 11 de maio de 2009, e ao psiquiátrico, uma semana depois, em 18 de maio. Os resultados de ambos os procedimentos não apontaram nenhum indício de doença mental, assim como não destacaram a necessidade de acompanhamento psicológico posterior. Segundo o juiz Luiz Carlos de Miranda, o laudo médico atestou coerência de pensamento. Além disso, de acordo com o resultado dos exames, o acusado teria assumido a prática do crime anterior, assim como afirmou ter conhecimento da gravidade do ocorrido. Depois da realização dos exames, Ademar Jesus foi para o regime semi-aberto. No entanto, por cautela, o judiciário determinou que ele não fosse autorizado a benefícios externos de imediato, o que manteve Ademar em uma situação análoga ao regime fechado. Quando em regime semi-aberto, o preso pode trabalhar durante o dia e retornar ao dormitório à noite. O condenado pode, também, passar fins de semana na residência de parentes. Por conta disso, ressaltou o magistrado a irmã de Ademar foi ouvida e aceitou recebê-lo em sua casa. No entanto, antes, ela precisou comprovar que os filhos eram maior de idade e não residiam com ela. Somente depois disso, Ademar começou a desfrutar dos benefícios do regime em que se encontrava. Ele chegou a passar cinco fins de semana em casa antes de ser beneficiado com nova progressão. Além de ter bom comportamento quando preso, fato atestado por sete relatórios do presídio, Ademar estudou no presídio um total de 213 horas e isso lhe beneficiou com uma diminuição de 11 dias da pena. Segundo Luiz Carlos de Miranda, em 2009, ao juntar o tempo que Ademar já estava preso com os dias a menos que os estudos lhe dariam, o Ministério Público calculou que o condenado poderia ser beneficiado com o regime aberto. No entanto, os laudos dos exames psicológico e psiquiátrico demoraram a ficar prontos. Segundo o juiz, se fosse cumprir a lei friamente, em fevereiro de 2009, Ademar de Jesus estaria solto. No entanto, o benefício de progressão para o regime aberto foi concedido, apenas, em dezembro de 2009. O pedreiro deixou o presídio em 23 de dezembro e, sete dias depois, teria cometido o primeiro crime. O primeiro a desaparecer, em 30 de dezembro, foi Diego Alves Rodrigues, de 13 anos. Pouco antes das 10h, ele saiu de casa no bairro Estrela Dalva, onde mora a maioria das vítimas, para ir a uma oficina de carros, e não foi mais visto. No dia 4, no mesmo horário, foi a vez de Paulo Victor Vieira de Azevedo Lima, de 16 anos, desaparecer. George Rabelo dos Santos, de 17 anos, sumiu no dia 10. Três dias depois, foi à vez de Divino Luiz Lopes da Silva, de 16 anos, desaparecer da porta de casa depois do café da manhã. No dia 18, Flávio Augusto Fernandes dos Santos, de 14 anos, foi visitar um amigo e não voltou. O ajudante de serralheiro, Márcio Luiz de Souza Lopes, de 19 anos, saiu do trabalho para consertar a bicicleta no começo da tarde e, desde então, não mais foi visto. Descrito como uma pessoa agressiva, perturbada e com transtorno psicopatológico, Ademar admitiu que espancou até a morte os seis jovens de Luziânia. Segundo investigações da polícia, o pedreiro matou os meninos para não ter problemas com judiciais. Ademar passava despercebido pelos vizinhos porque passava a maior parte do tempo dentro de casa. Ademar de Jesus Silva usava documentos com o nome de Adimar Jesus da Silva. Ele mudou o nome porque era acusado de tentativa de homicídio na Bahia, e acabou beneficiado por alteração no registro de batismo em novo documento obtido quando se mudou para o DF. A progressão de pena não teria sido concedida, caso a Justiça soubesse do mandado de prisão contra o suspeito. Ademar possuía duas carteiras de identidade com numeração também diferente. O segundo documento foi confeccionado depois de ser decretada a prisão dele por uma tentativa de homicídio, em Serra Dourada (BA), ocorrido em 2000. A mudança no nome do pedreiro fez com que não constasse nos sistemas de buscas de antecedentes criminais e devida pregressa do acusado o mandado de prisão. Com isso, Ademar Jesus da Silva acabou beneficiado com a progressão do regime da pena. O mandado de prisão preventiva foi expedido pelo juiz da Vara Criminal de Serra Dourada (BA) Argemiro de Azevedo Dutra, em 17 de maio de 2000. Na cidade natal de Ademar, localizada no oeste baiano, o pedreiro e o irmão dele Manoel Messias da Silva, 48 anos, conhecido como Nequinho são acusados de ter atirado em um rival da família. A vítima, Leitinho dos Santos Oliveira, ficou 32 dias internado em hospitais de Ibotirama (BA) e da capital Salvador, mas sobreviveu e hoje vive em Brasília. No fórum de Serra Dourada, o Correio teve acesso ao longo processo, são mais de 50 páginas, sobre o crime ocorrido em 26 de março de 2000, por volta das 22h, no povoado de Riachão, a menos de 20km da entrada do município baiano. Leitinho levou um tiro de espingarda nas costas, na porta de casa. Com base em inquérito policial, o Ministério Público da cidade pediu abertura de processo contra Ademar, conhecido no município como Negão de Deraldo, e o irmão dele Manoel Messias da Silva, 48 anos, conhecido como Nequinho. Os dois acabaram indiciados por tentativa de homicídio e concurso de pessoas (termo jurídico que refere-se aos casos em que duas ou mais pessoas agem para cometer um crime). No processo, o MP destaca que a família de Negão e Nequinho era notória inimiga da família de Leitinho, havendo, inclusive, três inquéritos na delegacia da cidade envolvendo os dois grupos. Em 1998, Nequinho levou quatro tiros. As marcas das balas ainda estão pelo corpo. Na época, a principal suspeita recaiu sobre Leitinho, mas ele não chegou a ser preso. Consta do processo que, em virtude desse episódio, havia um desejo de vingança. No dia seguinte à tentativa de homicídio, Ademar sumiu. De acordo com o processo, existiam informações na cidade de que ele voltaria para se vingar de Leitinho, o que a família nega. Nenhuma das testemunhas ouvidas no inquérito indica certeza sobre a autoria do crime. O irmão de Negão envolvido no caso ficou 45 dias preso. Foi apontado como o mentor da tocaia. Sem provas que pudessem incriminá-lo, ganhou o direito de responder ao processo em liberdade. O juiz, no entanto, proibiu que ele deixasse a cidade. Voltando a Ademar, para os 11 presos que estavam na cela ao lado (Ademar estava sozinho na sua), ele disse que matou cinco vítimas em troca de R$ 5 mil a pedido do outro jovem, que também foi assassinado porque teria se recusado a pagar o valor prometido. Ele disse que o último foi o que deu mais trabalho, porque era alto e forte, e que matou ele porque ele não queria pagar os R$ 5 mil, que disse que não ia pagar nada, que ia é matar ele (o pedreiro) se ele abrisse a boca pra alguém. Aí ele ficou com raiva e matou, segundo o detento Cláudio Tomaz Costa, 26 anos, que afirma ter conversado com Ademar minutos antes de sua morte. Ademar foi encontrado morto no início da tarde de 18 de abril de 2010 na cela onde estava preso há uma semana, na Delegacia de Repressão a Narcóticos (Denarc), em Goiânia. Segundo a Polícia Civil, ele se enforcou com tiras arrancadas do forro de um colchão. O laudo conclusivo do Instituto Médico Legal (IML) de Goiânia indicará que Ademar de Jesus Silva morreu por asfixia provocada por enforcamento. O médico-legista Paulo Afonso Mendes de Campos, que coordenou a necropsia, adiantou o resultado do exame ao Correio e disse não ter dúvidas de que Ademar se matou. Campos contou que o corpo do pedreiro não apresenta lesões recentes, hematomas ou qualquer sinal de que tenha sido agredido ou mesmo imobilizado. Também não há cortes nem perfurações. Os sinais são de um clássico enforcamento. O laudo final só será divulgado após o resultado dos exames de sangue e de alguns órgãos. De acordo com Campos, o sangue encontrado na camiseta branca que Ademar usava no dia em que foi encontrado morto é "normal" em casos de enforcamento. Segundo ele os vasos sanguíneos foram comprimidos, as mucosas ficaram inchadas e o sangue saiu pelo nariz e pela boca. Ainda segundo o responsável pela necropsia de Ademar, o tempo entre o momento em que ele teria se enforcado até a morte durou entre dois e quatro minutos. Primeiro, ele perdeu a consciência, depois o corpo desabou e ele morreu. Ademar foi encontrado sentado em um banco de concreto da cela, de não mais que 60cm de altura. A posição reforça o que costumam chamar de "enforcamento incompleto". Provavelmente, ele pulou do banco. Mas tem gente que se suicida sem altura, até mesmo se amarrando no trinco de uma porta. Campos disse que Ademar pesava entre 60kg e 70kg e tinha entre 1,65m e 1,70 de altura. Exames detalhados do sangue e das vísceras do corpo de Ademar indicarão se ele ingeriu bebida alcoólica, medicamentos ou qualquer outro tipo de entorpecente antes de ter sido encontrado morto. Peritos também indicarão se a tira usada por Ademar para se matar, conforme sustenta a polícia, é do mesmo material do forro do colchão de espuma que ficava na cela de 6m². A tira foi feita com três tranças. A porta da cela do assassino dos garotos de Luziânia não apresenta sinais de arrombamento. Presos de uma cela vizinha à de Ademar contaram que ouviram ele "rasgando pano" na noite anterior. O forro do colchão traz rasgos de ponta a ponta. A tira possuía cerca de 1,5m de comprimento. Precisou ser cortada em três partes para ser desenrolada do pescoço de Ademar. A perícia também dirá se foi usado algum instrumento para cortar o pano. A tira não arrebentou com o provável enforcamento de Ademar. O perito Jair Alves da Silva não estranha. Ao mostrar à reportagem os pedaços da corda, ele esticou com força as pontas e defendeu que, da forma como feita, ela seria, sim, capaz de suportar o peso de um homem do porte de Ademar. Na entrevista em que Ademar Jesus da Silva concedeu a jornalistas no dia em que foi apresentado pela polícia, 12 de abril, como assassino confesso dos adolescentes de Luziânia (GO), ele contou que já havia tentado se matar na cadeia, em Brasília, quando cumpriu pena. Um sétima ossada foi encontrada, mas não se pode afirmar que Ademar tenha algum envolvimento. Essa vítima seria Eric dos Santos, de 15 anos, que saiu de casa dia 20 de março, num sábado de manhã e nunca mais voltou. Reportagem 1
Reportagem 2

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